segunda-feira, 26 de julho de 2010

Porque precisamos do Banana Joe.




Um dos reis da sessão da tarde, Bud Spencer se consolidou entre a geração dos anos oitenta e nas reprises dos anos seguintes como um cara calado e que gostava de gostava de dar tapa na cara dos vilões.
Dentre todos os personagens feitos pelo senhor Spencer, ficará sempre em minha mente o famoso ou desconhecido para os mais novos, BANANA JOE.
Joe vive na fictícia cidade de Amantido onde realiza seu trabalho de carregador de bananas para a Metrópole. Tudo muda quando um chefe da máfia revolve de maneira bem peculiar do seu trabalho acabar com todos os pequenos comerciantes da vila e dominar todo o trabalho de venda das plantinhas (banana).
Interessante é que o chefe da máfia se utiliza do terror psicológico da burocracia, impondo todos os comerciantes a se registrarem para continuar no trabalho. Para aqueles que não possuíssem registro geral e certidão de nascimento ficaria fora do trabalho.
Banana Joe sem data de nascimento e pais desconhecidos, talvez um tipo de Wolverine, sem passado, sem idade e muito mais do que isso, disposto a ajudar todos aqueles que lhe parecem sinceras resolve ir atrás desse registro.
Joe, começa agora sua Ilíada e Odisséia. Como nos poemas de Homero, Banana Joe embarca em uma grande aventura disposto a guerrear a favor de sua honra e sobrevivência. Participa sem querer de um exército, onde acaba até batendo em seu comandante. As cenas de Bud Spencer batendo sempre foram o ápice em seus filmes.
Uma das cenas que mais me chama a atenção é quando Banana Joe, em a cena de sua chegada a um prédio de órgão público pede um registro. Ao entrar encontra uma grande fila onde todos estão desesperados para conseguir a famosa carimbada.
Bem ao estilo anti herói, Joe sai empurrando todo mundo, pula o caixa e no caixa saindo dando carimbada em tudo que é papel, mas logo é preso.
Banana Joe não suportava ver maldade, ou aqui, pressão dos órgão responsáveis pela burocracia demorarem tanto para atender o cidadão.
Toda vez que entro em um órgão público, onde o papel nunca acaba e a hora nunca passa, sempre me lembro de Bud Spencer, desejando ver sua entrada pela porta giratória.

Entrevista com Gian Danton




Gian Danton, professor universitário, roteirista de quadrinhos e ganhador de vários prêmios dedicados a arte sequencial me concedeu uma pequena entrevista falando um pouco sobre os HQs. Isso me deixou muito feliz, pois esse blog é um simples garotinho virtual, não é um blog de um jornalista conceituado, o que me faz ficar eternamente grato ao grande Danton pela sua entrevista.

Obrigado Professor!

1- Blog do Prof Flávio: Quando e como você teve contato com os quadrinhos?

Gian Danton: Leio quadrinhos desde criança, principalmente Turma da Mônica e Disney, mas a primeira leitura que me marcou muito foi uma edição da Superaventuras Marvel. Na época não havia caixas eletrônicos e para pagar contas era necessário passar horas em filas. Numa dessas filas, alguém me passou um exemplar da SAM com histórias do Demolidor, Conan e Dr. Estranho. Fiquei fascinado. Li a revista toda antes do fim da fila. Outra revista que me marcou foi a Fêmeas, da Grafipar,com histórias de Mozart Couto e Rodval Matias, que encontrei em um sebo. Ao ler aquela revista, percebi que os brasileiros podiam fazer quadrinhos tão bons quanto os americanos e decidi que seria roteirista de quadrinhos.



2- Blog do Prof Flávio: Como você vê os quadrinhos hoje em matéria de roteiristas?

Gian Danton: São situações diferentes: aqui e lá fora. Lá fora, os roteiristas são os grandes astros. Na maioria das vezes eles são mais badalados que os desenhistas. Um argumento do Grant Morrison, por exemplo, faz as vendas de uma revista aumentarem. Isso se deve a duas pessoas: Stan Lee e Alan Moore, que mostraram a importância de um bom roteiro. Como Lee era também o editor, havia muito ali de marketing pessoal que fez muito bem aos quadrinhos americanos, pois uma pessoa pode comprar um exemplar por causa do desenho, mas o roteiro é a principal razão pela qual ela continua comprando. Já no Brasil, a maioria dos leitores, jornalistas e editores ainda não Têm essa consciência. Em nosso país os roteiristas são pouco valorizados. Já aconteceu até de obras serem divulgadas apenas com o nome do desenhista.



3- Blog do Prof Flávio: Em alguns de seus livros, como em Ciência e quadrinhos e Roteiro para quadrinhos, fica forte a sua identificação com o escritor britânico Alan Moore. Você concorda com ele em dizer que os roteiros de quadrinhos tedem em morrer por falta de bons escritores?



Gian Danton: Não conheço essa declaração de Moore, mas dicordo. Hoje temos ótimos roteiristas, principalmente entre os britânicos: Morrison, Gaiman, James Robinson. O que tem matado os quadrinhos de super-heróis é a insistência em insistir em super-sagas com revistas interligadas, que afastam leitores.

4- Blog do Prof Flávio: Vindo agora para o território nacianal. Na sua opinião, quais são os melhores escritores do nosso quadrinho?

Gian Danton: No Brasil a maioria dos bons roteiristas não passa muito tempo nos quadrinhos. Acaba migrando para outras mídias, como fez o Júlio Emílio Brás. Mesmo assim, temos em atuação alguns grandes talentos, como o Leo Santana, Marcelo Marat e André Diniz. Há outros por aí, fazendo zines e revistas regionais, mas que seriam muito conhecidos se tívéssemos um bom mercado de quadrinhos.


5- Blog do Prof Flávio: Os quadrinhos nacionais sofrem preconceito? Por que?

Gian Danton: Sim, sofrem. Felizmente alguns conseguem superar esse preconceito, como foi o caso do Maurício de Sousa, que conseguiu não só fazer sucesso como ser respeitado por todos.

6- Blog do Prof Flávio: Ainda no mesmo assunto, você sofre algum preconceito por trabalhar com quadrinhos?

Gian Danton: Hoje não. Quando comecei a coisa era mais difícil. Além da maioria das pessoas ter melhorado sua imagem sobre os quadrinhos, a seriedade com que encaro meu trabalho fez com que o preconceito diminuísse.

7- Blog do Prof Flávio: Qual a principal dica para se tornar um bom escritor de quadrinhos?

Gian Danton: Leia. Leia. Leia. Leia tudo que cair em suas mãos, de revistas de geografia a tratados de psicologia. Qualquer coisa pode ser útil na criação de uma história. Quem lê só quadrinhos e, pior, só quadrinhos de super-heróis, nunca irá se tornar um bom roteirista de quadrinhos.

Leia: ivancarlo.blogspot.com